Dois anos de Agendas Mobilizadoras: desafios e resultados
Após dois anos da implementação das Agendas Mobilizadoras, financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é importante refletir sobre os desafios enfrentados e os resultados alcançados até agora. Neste artigo, cruzamos os dados do mais recente relatório da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, com a visão de quem vive, na primeira pessoa, a gestão de algumas destas Agendas.
Agendas Mobilizadoras: Portugal mais dinâmico, competitivo e sustentável
Idealizadas para fomentar a colaboração entre empresas, universidades e centros de investigação, as Agendas Mobilizadoras foram uma das mais emblemáticas medidas do PRR. Com foco em inovação e desenvolvimento (I&D), as agendas procuram transformar o perfil produtivo do país, reforçando a competitividade nacional em setores estratégicos como saúde, tecnologia, energia e indústria. São, portanto, um passo essencial para um Portugal mais dinâmico, competitivo e sustentável.
O PRR destinou 930 milhões de euros às Agendas Mobilizadoras, envolvendo mais de 1800 copromotores distribuídos em 50 projetos. Estima-se que, até 2026, estes projetos gerem um impacto económico superior a 8 mil milhões de euros, com a criação potencial de cerca de 18 mil novos empregos. Os setores mais beneficiados incluem saúde, aeronáutica, tecnologias de informação e energias renováveis.
Desafios na implementação
Apesar do potencial de transformação, as Agendas Mobilizadoras enfrentam desafios complexos, identificados no mais recente relatório da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR (julho de 2024).
- Regras e Processos de Financiamento: Segundo o relatório da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, ainda há necessidade de clarificação das regras de financiamento e elegibilidade.
- Atrasos na Implementação: Contratos assinados tardiamente e dificuldades na estabilização de plataformas financeiras atrasaram o início de alguns projetos, colocando em risco o cumprimento dos objetivos do PRR. Estes desafios foram agravados por atrasos nos processos de contratação e pela necessidade de ajustes na plataforma de gestão de pagamentos, que só foi estabilizada em março de 2024.
Ponto de situação
Até abril de 2024, a execução financeira das Agendas Mobilizadoras apresentou variações significativas entre os consórcios. De acordo com o relatório:
- 18 Agendas registaram uma execução financeira inferior a 10%, sendo que 11 delas reportaram menos de 5%.
- No âmbito da execução física, 13 agendas atingiram uma execução superior a 40%, enquanto 4 agendas ficaram abaixo de 10%.
Estes números demonstram que, embora existam progressos, a execução financeira permanece um ponto crítico, sobretudo para consórcios de maior complexidade.
Caso de Sucesso: INOVA+ e a Agenda “Embalagem do Futuro”
A INOVA+ está envolvida em seis Agendas Mobilizadoras: Embalagem do Futuro; R2UT; New Generation Storage; INSECTERA; SmartWagons; e, Produzir Material Circulante Ferroviário em Portugal, todas elas entre as 13 acima referidas com maior execução. É o caso da Agenda “Embalagem do Futuro”. Este projeto visa criar soluções de embalagens mais ecológicas, digitais e inclusivas. A Agenda envolve 79 entidades, é coordenada pela Associação Empresarial da Região de Leiria – Câmara de Comércio e Indústria (NERLEI CCI), com o apoio da INOVA+, e já alcançou uma taxa de execução física de 55%.
Henrique Carvalho, Diretor Executivo da NERLEI CCI, destaca a importância de uma gestão profissional e bem estruturada, como a da INOVA+, para superar os desafios de coordenação e alcançar este sucesso.
“A experiência e rigor da equipa de gestão de projetos têm sido fundamentais para o sucesso das iniciativas promovidas pela Embalagem do Futuro. A estrutura definida, assente em subprojectos com lideranças claras e com canais de comunicação devidamente estabelecidos, e com verdadeiro trabalho em equipa, têm proporcionado fluidez nos processos de acompanhamento, controlo e decisão”.
Futuro das Agendas Mobilizadoras e Impacto na economia portuguesa
As Agendas Mobilizadoras representam uma iniciativa ambiciosa para fortalecer a inovação e a sustentabilidade em Portugal, proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento económico. Apesar dos desafios, os resultados iniciais demonstram impactos positivos em setores chave. O exemplo da “Embalagem do Futuro” evidencia a importância de uma gestão estruturada e parcerias fortes entre empresas, instituições científicas e entidades públicas.
Com o amadurecimento destas agendas, espera-se que promovam, cada vez mais, um ambiente de inovação, competitividade e resiliência na economia portuguesa. Com 2026 no horizonte, e de olhos postos no futuro, a INOVA+ continuará a contribuir para esta missão.
Para obter informações detalhadas sobre os projetos em que a INOVA+ está envolvida e sobre oportunidades de financiamento para a inovação, contacte-nos.