Ecossistemas Colaborativos: A chave para a Inovação, Crescimento e Competitividade
O ecossistema empresarial português tem evoluído significativamente, tornando-se mais sofisticado e dinâmico. Atualmente, é amplamente reconhecido que atuar em rede e estabelecer parcerias estratégicas com entidades científicas, tecnológicas e empresariais é um fator essencial para o desenvolvimento de negócios, a promoção de projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I) e a geração de inúmeras externalidades positivas.

A força das redes e clusters tecnológicos
As associações empresariais, clusters tecnológicos e outras redes colaborativas desempenham um papel fundamental ao promoverem a cooperação entre diferentes agentes económicos. Um exemplo claro desta tendência foi evidenciado nas Agendas Mobilizadoras e Agendas Verdes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Apenas empresas inseridas em ecossistemas colaborativos conseguiram integrar candidaturas e aprovar projetos nesse contexto.
Ao todo, foram contabilizadas 53 Agendas Mobilizadoras e 22 Agendas Verdes, com um incentivo público estimado em cerca de 3 mil milhões de euros, dos quais quase 2 mil milhões foram alocados a projetos de I&D. Entre as 1247 entidades envolvidas, destacam-se 941 empresas – sendo que 60% são PME (588 no total).
Apesar dos avanços, muitas empresas ainda se encontram à margem dos ecossistemas colaborativos e distantes de entidades científicas — atores chave na inovação e no desenvolvimento de projetos colaborativos. Esta desconexão representa um entrave para a inovação empresarial e para a competitividade do setor privado.
Mini-Agendas Portugal 2030: Impulso à inovação colaborativa
Com o recente lançamento das Mini-Agendas do Portugal 2030, surge uma nova oportunidade para fomentar projetos colaborativos de I&D&I. Com uma dotação total de 149 milhões de euros, o programa terá duas fases de candidatura: até 30 de maio de 2025 e até 30 de outubro de 2025. As organizações são mais uma vez desafiadas a estruturar projetos inovadores com base em redes e ecossistemas colaborativos.
No entanto, há dois desafios que ainda precisam ser superados e que merecem reflexão e atuação ao nível das redes e ecossistemas, em que muitas empresas operam.
1. Redes e clusters setoriais fechados
Atualmente, muitas empresas limitam suas parcerias a organizações do mesmo setor ou área tecnológica. Esse isolamento restringe o potencial de inovação e evolução na cadeia de valor. Para uma transformação real, é fundamental adotar uma abordagem multissetorial, promovendo interações entre setores distintos e incentivando sinergias tecnológicas complementares.
A resposta a desafios emergentes, como a inteligência artificial, a cibersegurança e as novas oportunidades no setor da Defesa, exige colaborações multidisciplinares para alcançar soluções inovadoras e fortalecer a competitividade empresarial.
2. Baixa participação em redes e projetos europeus
A participação das empresas portuguesas em projetos colaborativos europeus ainda é tímida. No programa Horizonte Europa, desde 2021, Portugal registou apenas 358 empresas participantes, com um total de 255,3 milhões de euros em incentivos. Em comparação:
- Espanha conta com 1.545 empresas participantes e um incentivo total de 1,42 mil milhões de euros;
- Alemanha apresenta 1.973 empresas envolvidas e um financiamento de 1,89 mil milhões de euros.
Essa disparidade evidencia a necessidade urgente de fortalecer a presença das empresas nacionais no cenário europeu de inovação.
Para superar esse desafio, as empresas devem aproveitar instrumentos de suporte à preparação de candidaturas europeias, como o Programa de Internacionalização de I&D e o recém anunciado Voucher Go to EIC Accelerator. Além disso, é essencial estreitar laços com parceiros científicos e tecnológicos, fortalecendo a participação em iniciativas europeias e elevando a competitividade do setor empresarial português no cenário internacional.
Ecossistemas Colaborativos: O futuro da competitividade empresarial
Diante deste contexto, torna-se evidente que as parcerias estratégicas e as alianças empresariais não são apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para a sustentabilidade e crescimento das empresas. Para se destacar no mercado global e fortalecer a inovação nacional, é essencial:
- Integrar ecossistemas colaborativos;
- Adotar uma abordagem multissetorial;
- Ampliar a presença em redes europeias e internacionais.
Empresas que apostam na inovação e na colaboração estratégica têm maior capacidade de desenvolver soluções disruptivas, captar financiamento e consolidar uma posição de liderança no cenário global. O futuro da competitividade empresarial depende da capacidade de construir pontes, fomentar parcerias estratégicas e fortalecer os laços entre ciência, tecnologia e mercado.
